João Neutzling Jr.
Conan Doyle, o mito!
João Neutzling Jr.
Economista, bacharel em Direito, mestre em Educação, auditor estadual, professor e pesquisador
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Poucos escritores conseguiram transitar do século 19 para o século 20 sem perder a maestria de seu trabalho e continuar produzindo literatura de qualidade. Podemos citar, entre outros, a escritora inglesa Agatha Christie (1890-1976) e seu detetive Hercule Poirot, o francês Vitor Hugo (1802-1885) e sua emblemática obra Les Misérables, de 1862, e um dos maiores mitos da arte inglesa, Arthur Conan Doyle (1859-1930), que criou um dos mais famosos personagens da literatura policial, o detetive Sherlock Holmes. Era médico de profissão e escritor por paixão.
Doyle viveu o auge da Inglaterra vitoriana (1837-1901). O cenário de sua literatura lembra muito a série de televisão Downton Abbey, ambientada no castelo Highclere (New Hampshire), exibida no Brasil pela Globosat. Doyle participou da Guerra dos Boeres em 1880, quando ingleses disputavam com os franceses a posse de ricas minas de diamante na África do Sul.
Doyle declarou-se agnóstico quando jovem, mas depois enveredou para as profundezas do mundo espírita e ficou entusiasmado com estudos sobre fenômenos paranormais. Tornou-se estudioso da obra de Alan Kardeck e conheceu pessoalmente a médium italiana Eusápia Palladino, que realizava atos de levitação de objetos comprovados cientificamente até por Marie Curie e pelo penalista Cesare Lombroso.
Durante sua vida tornou-se admirador do ilusionista Harry Houdini (1874-1926), afirmando que Houdini tinha habilidades paranormais, mas o mágico dizia que era tudo truque e ilusões tecnicamente bem feitas. Ambos ficaram inimigos por causa disso.
Sua primeira obra de sucesso foi Um estudo em vermelho (1887), que narra um misterioso assassinato investigado por detetives e pela polícia. Em 1892, publica a primeira novela com Sherlock Holmes. Aliás, as obras do detetive Sherlock foram levadas às telas do cinema em mais de 200 filmes de vários países, o primeiro em 1900. Em O cão dos Baskervilles, de 1902, aprofunda o amálgama entre magia, mistério e crime. Costumava trabalhar longas horas sempre fumando cachimbo, bebendo vinho ou bourbon e pesquisando em livros de história para buscar cenário perfeito em suas obras.
Sua obra foi caracterizada como literatura fantástica, com novelas e textos que propõem o confronto entre realidade física e irrealidade, entre naturalidade e sobrenaturalidade; por isso, são textos que provocam hesitação, inquietação e assombro nos leitores.
Doyle foi muito influenciado pela obra do norte-americano Edgar Alan Poe (1809-1849), um dos primeiros mestres do realismo fantástico. A obra O corvo (1845) teve forte influência na literatura de Doyle principalmente pela sua atmosfera sobrenatural.
Outro que buscou inspiração em Poe foi o escritor americano H. P. Lovecraf (1890-1937), mestre do terror, ocultismo e da ficção sobrenatural. Escreveu também ensaios sobre guerra, conquista da África, poesia, ficção e doutrina espírita. Faleceu em East Sussex aos 71 anos. Foi sepultado em Minstead, Hampshire, Ingraterra.
Passados mais de 150 anos de seu nascimento, sua obra permanece atual e de leitura recomendada para todas as idades.
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